Para que não sejas
um martirizado escravo
do tempo,
tu deves intoxicar-te,
deves intoxicar-te,
e nunca parar para descansar,
com vinho, poesia ou virtude,
como escolhas.
- Baudelaire

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Nos meus olhos, toda a crueldade humana é reflectida,
como na caixa de Pandora em que toda a desgraça está contida,
assim é o meu negro e pútrido coração,
palpitando de ódio, vingança e maldição.

Quero o ocaso, a escuridão, a tenebrosidade,
como uma criatura das trevas, não conheço amabilidade,
para teu bem, afasta-te de mim doce criatura,
por razão, fui ostracizado para esta cova, esta sepultura.

Habituado à penumbra, a luz da tua alma ofusca-me.
Não me conheces! Não me vais mudar!
Tua insistência perturba-me!
Essas promessas repletas de fé e amor são em vão,
pois infelicidade é o meu fado, não tenho salvação...

Tentação

De longe, repleto de paixão te contemplo,
Imponentemente sentada num trono de marfim,
Rodeada de escravos e servos no teu templo,
Homens fracos que por um sorriso, aceitam o seu fim,

Óh sublime deusa do submundo,
cuja beleza subjuga a de Afrodíte,
aos teus pés, quantos homens já deixaste moribundo,
apenas para saciares o teu voraz apetite,

Por ti, quantos varões declararam guerra,
para conquistar o mais belo tesouro que Deus deitou à Terra!
E tu deliciando-te por todo o sangue derramado,
por ti, ser cruel e desalmado,

Óh vil deusa cuja o nome rima com amor,
mas o qual não ouso pronunciar,
anseio por ti mas tenho temor,
de ser mais uma vítima do teu olhar glaciar!